Coisas do Eu lírico
Esse é mais um arquivo, onde jogo minhas roupas velhas e ali esqueço, do que escritos convencionais. Pego minhas palavras soltas, lavo, dou cheiro, cor, gosto e asas para que possam, enfim, sair de mim e tomar o formato do sentido de quem lê. Não foi feito para ser admirado mas se quiser entrar, sente-se, não faltará cal para a nossa construção.
quinta-feira, 21 de abril de 2016
Aquelas tais borboletas no estômago
Ah! Pensando na saudade... Era isso, era ela que morava no meu peito antes de você ligar. É nervoso amar e completamente enlouquecedor. Já te disse que não durmo nesse dia anterior?! Que meus pensamentos devaneiam mil coisas sobre nós, penso no medo, no cabelo que irei usar, penso que devo dormir, na cor que minha boca estará, na hora que irei acordar e penso mil vezes em não pensar em mais nada. E depois, noites depois, me recuso a dormir se não for pra te ter nos meus sonhos. Já te disse que antes dos sonos e dos sonhos tenho medo? Medo por não poder me apaixonar e do que vai acontecer se isso acontecer com a gente.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Sobre perdas e ganhos
Todos olhavam pra ela e diziam carinhosamente “vai passar”, disso a menina sabia, tudo um dia passa, se a vida não levar a morte se encarrega do trabalho. O que ela queria mesmo saber era “quando”, quanto tempo aquela dor ainda iria morar ali, quanto tempo restaria para que suas lembranças se afastassem, quanto tempo demoraria para que ela conseguisse olhar no espelho algo além de uma menina magra, chorosa e incompleta... a outra parte dela havia partido dentro de muitas outras pessoas, ela precisava se reencontrar, se encontrar.
É mesmo difícil juntar as peças de um tabuleiro quebrado, principalmente quando se acredita que tudo estava completo, mero engano, tudo acaba, o café, a comida, o dinheiro, até as contas acabam para ceder espaço a outras dividas, ou não, as dúvidas, o medo e aquela velha vontade de encontrar uma tal felicidade, isso sim, nunca morre. O que ela precisava era, mesmo dentro do olho do furacão, fechar os seus olhos e só assim se notar.
Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz, ou muitos desses, colecionar fracassos por algum período pode ser normal, se afugentar neles não. Esperar que as coisas mudem, que as pessoas mudem, que as estações mudem não provoca mudanças onde realmente deveria haver, se a menina se mudasse, abrisse suas janelas, varresse sua casa, seus olhos seriam diferentes e só assim poderia surgir um mundo inteiro, novinho, pronto para ser experimentado.
Lutar é divinal, insistir, persistir, agüentar são qualidades louváveis mas saber parar, voltar, revisar seus caminhos e desisti de outros exigia bem mais coragem dela, a tal luta também pode ser o fracasso de alguém que tem medo de admitir o vão, medo simplesmente de enxergar o quanto se andou, o quão pouco se moveu.
Há vida e beleza em todo canto, até em seus olhos chorosos, embora a dor nos impeça de perceber e embora a menina que exista em nós permaneça muitas vezes assim, inerte, fria e morta no mundo que escolhemos pra nós.
[Homenagem às longas conversas que tive com um Ioiô de 16 anos]
segunda-feira, 21 de março de 2011
Os bastidores da torcida
Que emocionante é uma partida de futebol! Se tratando de Brasil então, onde o futebol é a paixão, o país berço de inúmeros fenômenos, aposentados ou não, ainda é uma admiração e referência em futebol para milhares de apaixonados pelo mundo inteiro. O futebol de Pelé, de Garrincha, dos Ronaldos, patos e gansos não nos deixa mentir, somos o país do futebol mesmo, pentacampeão por competência, gerador de estrelas brilhantes e sonhos inimagináveis em todas as idades. Esse país das maravilhas futebolísticas deveria mesmo nos inspirar e até me inspirar a escrever a melhor matéria sobre o melhor futebol do mundo, mas quem vive aqui dentro sabe o quanto é difícil amar o seu time no país apaixonado pelo jogo.
O torcedor torce, vibra, doa o seu apoio (muitas vezes incondicionalmente), paga pelas camisas, paga pra ser sócio, paga o ingresso (o que não é barato), paga para ver o seu time ganhar (que muitas vezes não acontece) e ainda por cima paga com sua saúde e vida para ser simplesmente torcedor. Como pode ser tão desrespeitado o torcedor no país dos craques?! Se paga um ingresso caro para enfrentar filas quilométricas, sentar em um lugar meia boca e ainda correr o risco de ser agredido, insultado e desrespeitado pelos seus próprios companheiros, quando não, a nossa patrulha da defesa se encarrega do desrespeito, a polícia, provedora da ordem, é a primeira a tratar de forma desumana os humanos que é paga para proteger. Os estádios sem infra-estrutura adequada sequer são reforçados, caem arquibancadas, cai a grade de segurança.. segurança..
O país do futebol já criou muitos jogadores, já fez a sua fama, já imortalizou sua digital nos gramados universais, chegou a hora desse mesmo país olhar com mais carinho e cuidado para quem faz essa indústria girar. O torcedor precisa ser valorizado acima do salário de qualquer jogar, afinal de contas, não há jogo sem a estrela principal.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Tudo Novo de novo
Chega uma hora que se acabam as páginas da agenda, acabaram –se os compromissos, os planos, os sonhos, de repente o amigo próximo torna-se o distante, as confidencias ganham novos ouvintes, os carinhos ganham novas peles e as pessoas ganham outro sentido, tudo ganha um novo sentido. Terminam 365 dias em 12 meses, sem espanto começamos novamente a conferencia por dentro das horas e dias, e mais 12 meses pra seguir, os mesmos 12 meses que já se haviam passado, no porta-retrato a fotografia, revelando que, no fundo, ninguém é o mesmo depois do ano novo.
De repente se descobre o quanto é importante viver, o quanto a vida já nos levou, o quanto ainda temos a perder, e percebemos que perdemos tanto e tantos que às vezes nem conseguimos correr atrás. A vida começa a passar na frente dos olhos como relâmpagos acusadores, tudo o que faltou, tudo o que restou, é só o que importa, a gente se vê novamente assim, presos a um tempo imaginário, aguardando o orgulho ou a acomodação nos tomar e fim, fim de ano, fim de uma parte da vida, fim do que poderia ser feito e não foi.
A cada 24 horas já se passaram no mínimo 24 chances de se recomeçar. Não é o calendário que tira as máscaras e dá ânimo a quem precisa seguir a caminhada. Que o ano novo seja mesmo um novo ano feliz mas que o ano novo seja novo mesmo só quando se acabar o calendário, pois a vida continua em cada linha da agenda.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Vergonha brasileira
A vergonha de não saber dizer a resposta certa, de simplesmente não saber, de não ter nada a fazer, a vergonha de um voto, a vergonha da impotência... enquanto cerca de 170 milhões de habitantes saem pra derramar o suor do rosto sobre o trabalho diário pra ganhar um salário mínimo que é mínimo não só no nome, 11,2 milhões imaginam o que podem inventar em mais um dia de fome. O brasileiro de raça que nunca desiste é o primeiro a se desesperar com a conta a pagar, outros nem isso, se desesperam por não saber onde passar mais uma longa noite, mas fazer o que? A gente luta pra trabalhar, aumentam nossos impostos, luta pra votar, cancelam nosso voto, luta contra uma política baseada na corrupção, no poder centralizador, na maior e melhor distribuição de renda e os mesmo votos de confiança ou de burrice que fizemos são os votos que nos pisam, que aumentam a desigualdade, que tripudiam e riem agora. Palhaço mesmo é quem joga o voto fora votando em quem sequer é capaz de contar o valor de seu novo salário. Simplesmente vergonhoso, e eu me calo mais uma vez.