Pinga minha vida como escorre a água da chuva, ninguém sabe ao certo pra onde vai, ou o que se tornará, como o leite derramado e embebido pelo chão, vai meus pedaços a cada volta do relógio.
Faço e refaço minha sinfonia, instrumentos e instrumentistas se misturam. Cada um vai tocando em sua melodia, de forma irregular, o espetáculo desafinado de estar vivendo
Sinto tudo se esvaindo, pedaço por pedaço, vestígio por vestígio, só não me passa essa vertigem de querer saber além. Perceber que me jogar já não é suficiente me faz perder o pouco chão que tenho, se é que tenho chão. Na imensidão desse céu, de concreto, é só meu coração que pulsa, ainda pulsa a flutuar.
Gira o Sol acima da minha cabeça, correnteza que vai a me levar, pedaço por pedaço, vestígio por vestígio, tudo para vê se finjo que a moldura está completa. Para ver se existo cabal nalguma pintura, para ver se pinto minhas partes incompletas.