sábado, 18 de dezembro de 2010

Qual o fio que nos uni e nos separa?

Lona posta, artistas maquiados, discursos afinados, forma-se o espetáculo. Peculiarmente, nesse circo os palhaços atuam sentados nas arquibancadas, se é que se trata de uma atuação! Circo onde a mão que lava é a que está suja, onde interesses e ideologias se misturam, confundem-se, fundem-se em uma coisa só e fazem da política, meio que deveria ordenar e organizar o país, um motivo de vergonha.

O conceito de partido político cai diante da maior ideologia pregada, a luta pela sobrevivência, quem tem mais poder se privilegia com o topo da cadeia alimentar, poder que é mensurado em números e valores de cédulas colecionadas. Esquece-se a ordem e parte-se para a execução do mais importante, o progresso pessoal.

E se um escândalo é pouco, podem se sentar e se deliciar, presidentes, deputados, mordomos e senadores aceitam entrar na dança pra continuar o show. Se esconder dinheiro em cuecas, lavar dinheiro em empresas, manipular emissoras e monopolizar o governo de um Estado não é ridículo o suficiente, os espectadores ainda podem se esbanjar em superfaturamentos de obras, quando há obras, empresas e funcionários fantasmas e, claro, sonegação do imposto de renda, afinal, é normal, todo mundo tem aquele empoeirado ato secreto no armário...

E o irônico é que nada pode deter esse ciclo, denunciar abusos de poder a cargos superiores é inútil, na política, quem cala se defende, chamar a polícia seria viável, lugar de ladrão é nas grades, mas não há muito o que se fazer quando a polícia é a primeira a roubar, qualquer movimento ou organização está envolvido nessa rede de interesses, ir contra um, é apoiar o outro.

A política vai se moldando, mostrando que o voto já nem vale mais, não existe democracia quando não existe nem escolha no voto, cassações ou candidatos trocando de partido são só exemplos que demonstram que não existe soberania da vontade da população, o caos é tanto que a escolha se torna cada vez mais difícil e sem sentido.

Bandeiras hasteadas, tomar partido pra quê? No final, tudo acaba por ser a mesma coisa e caminhar pra um só ponto, o ponto inicial de toda a discussão, um interesse em jogo, um bom discurso, platéia e pronto, forma-se a política brasileira, muito pão e os palhaços já dentro do circo.

Nenhum comentário: